sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Oferta

 













O afeto que oferto

É puro simples singelo

O afeto que oferto

Sente busca sofre

O afeto que oferto

Se prostra se importa se incomoda

O afeto que oferto

É tudo que há de melhor em mim

Entregue em embrulho delicado

Com fita dourada

Alma desarmada

Pra você desfrutar

Farto sincero seguro de si

Não requer a sorte

Só a certeza de uma vida inteira

Lado a lado

Dedos entrelaçados

Corações conectados

Afetos mútuos


O afeto que oferto

É intangível é toque

Frágil forte

Doce no olhar

Beleza que se sente

Protege cuida compreende

Ama infinitamente

Alma e coração


Emiliano

domingo, 15 de dezembro de 2024

Florescer

@jessicaaaaam










Me encanta tudo que vejo em você

a cor dos teus olhos 

as ondas do teu cabelo 

o tom da tua pele 

as curvas do teu corpo

sua tez macia

cada linha dos teus lábios

em contato com os meus

e a luz que emana da tua face

a cada vez que sorri

iluminando assim cada canto escuro

do meu mundo

e fazendo de cada segundo ao teu lado

cada “bom dia”

e cada afago

um perpétuo regozijo

e em teu colo

sob teu abraço

um lugar de paz há muito procurado.


Emiliano



terça-feira, 26 de novembro de 2024

Cura

Flávio Dutka

 












Gosto das minhas cicatrizes.

Essas marcas escuras que se destacam sobre a pele.

Gosto de tocá-las e sentir com a ponta dos dedos o relevo granulado

sobre a superfície que já fora lisa e macia. 

Gosto de imaginar que elas guardam segredos.

Um lembrete de que algo em mim mudou.

Gosto das minhas cicatrizes. 

São como mapas no meu corpo me mostrando onde a dor já passou.


Milk

sábado, 12 de outubro de 2024

Identidade

@rayane.sbastos

 














Apenas homem,

nortista,

raízes pretas

indígenas

poeta artista

timidez exibida

tez escondida

verso incompleto

letras marcadas

histórias cruzadas


errante nativo

terra desconhecida

barrento rio

nascente vida

céu doce

reserva indígena

flores indóceis

coração clemente

resistência quilombo

amazônida cria.


Emiliano

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Cicatrizes

 

@emiliano_delgadon












Eu sinto muito 

Eu sinto muitos

E de tantos muitos que senti

que me perdi no caminho

e que perdi a deixa 

esqueci o texto

estraguei a cena

desse palco estranho

onde ensaiamos 

romances teatrais


Eu sinto muito

Eu sinto demais

Esse é meu problema.

E por sentir demais

só restou as cicatrizes

uma melancolia

uma dor

um pedido

alguns deslizes

e vários poemas

de amor não correspondido.


Milk

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Presunção

https://unsplash.com/pt-br/@little_klein











Minha solidão não é capricho

nem vontade

nem solstício

nem vaidade

tão pouco liberdade


Minha solidão dói

sufoca

aprisiona

transborda incontida

arranha a máscara

que sorri no desejo de um “bom dia”


Se apodera

do meu peito imaturo

e o que era orgulho

agora é medo

tão humano e imperfeito

quanto o jovem

a espera do primeiro beijo


Então ...


Não me julgues

Se (não) conheces minha alma

Se o teu toque não me acalma

Não me julgues

Se negastes meu afeto

Se desconheces meus segredos

Se me negas o teu beijo

Não me julgues

Se temes ir coração adentro

Se queres apenas um momento

Se não me estendes tuas mãos

e meu olhar brilha em vão


Não me julgues

Se me negas teu abraço

e não me ofertas um afago

Se me negas um poema

Não me julgues


Eu dispenso sua pena.


Emiliano


quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Licença poética

https://unsplash.com/pt-br/@tabithaturnervisuals

 














Eu te amo,

E se isso te assusta

Que dirá á mim?!

Eu te amo,

E se o amor for chama

Que queime até o fim!

Eu te amo,

E se isso te ofende,

Me diga como não te amar?!

Eu te amo,

E se isso for pecado,

Você vai me perdoar!


Eu te amo, 

E se amar for efêmero,

Nós seremos passageiras!

Eu te amo,

E se o amor for entrega,

Eu sou tua por inteira!

Eu te amo,

E se isso me fez poeta,

Como posso resistir?!

Eu te amo,

É uma frase gramaticalmente incorreta,

Eu sei!

Mas não me canso de repetir


Milk

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Poesia do adeus





Ana Cláudia Pinheiro 





Que os pássaros pousem

que a música mude

que o coração tropece

e a solidão desnude



Que os sinos ranjam torpes

que só esperem a missa

que o abraçar dê flores

que a solidão jazia



Que a saudade aperte

garganta já sofrida

Que as flores murchem tristes

No vazo tão vazio



Que o descendente siga

que o amor vigore

nas frases e nos gestos

na fé na cor na vida



Que o sentimento expresso

domine a sombra oculta

Olhar e olhos ver ...

que o Hoje é o meu mundo



Ir adiante, ser

a luz do sol, um guia

Estrada nova, porto

tocar de mãos macias



Emiliano.



domingo, 23 de junho de 2024

Um breve aceno sobre nós

 












Quero te emprestar

Um livro que nunca li

Desses que se perde 

Na estante

Se esconde na rotina

Na poeira que pesa

No tempo dos objetos esquecidos


Quero que você

Leia essa história 

Com olhos de virgem solta

Que acabou de desvendar a liberdade


Quero que me conte

Sua própria versão dos escritos

E das palavras

E dos personagens 


Quero então 

Que me devolva-o

Ainda impregnado

Do relevo de tuas digitais recentes

E tua saliva seca

Marcada na orelha das páginas 

E o perfume da tua loção para mãos 


Quero abraçar esse livro

Pressiona-lo contra o peito 

Como uma edição rara recentemente adquirida


Quero fazer promessas 

Insanas e risíveis 

Jurar por cada poeta amaldiçoado 

Que jamais irei lê-lo


Quero tão somente 

Guardar este livro

Na estante empoeirada  e preciosa 

Dos livros esquecidos.


Milk

domingo, 19 de maio de 2024

Flores Azuis










Eu lembro

Vocês nasceram numa tarde

De chuva fina e sol dourado

Eu sabia que dois mundos 

me tinham sido emprestados

E que uma parte de mim

jamais seria a mesma


As cores teriam outros nomes

Os sons teriam outras formas

A vida seria sentida muito mais longe

do que os meus próprios rumos

As noites seriam menos calmas

Mas os dias nunca mais seriam soturnos


Outro eu nasceu naquela tarde

Eu nasci de verdade

Quando vocês nasceram

Foi o mais lindo poema que compus 

Vocês me deram a luz

Eu me lembro

daquela tarde de sol 

e chuva fina de dezembro


Milk

domingo, 28 de abril de 2024

Sustenido


Andréa Melo








minha alma dança

corrupia sem chão sem tempo

num corpo gasto

flácido e obstruído 

ela dança 

a despeito dos sonhos

largados apáticos e esquecidos

ela não sabe 

que a música que toca

é apenas eco 

num disco riscado e ressequido 

minha alma dança 

ávida impávida e sem ruído 

neste corpo túmulo 

úmido e entorpecido


Milk

sábado, 30 de março de 2024

A sombra e o abrigo


Andrea Melo
















Adormeço sobre os cacos pelo chão.
Na sombra da escuridão
Não consigo parar!
As ideias e os talheres,
Está tudo fora do lugar.

Abro a janela, mas no céu há muitos sóis.
Acelero... mas não vejo os faróis.
Eu preciso passar!
O verde e o vermelho
Nunca param de piscar.

Desperto na varanda do quintal,
Tanta fumaça! - não é um bom sinal.
O que há pra queimar?
A chama e o vento
nunca param de dançar.

Busco abrigo no abismo do meu ser.
Posso pular ou voar ou descer...
Que diferença fará?!
O lobo e o cordeiro,
Juntos á mesa do jantar.


Milk

quarta-feira, 13 de março de 2024

Dois rios

@Y4szguillen








amo esse teu

jeito de gostar

de mim

morno

sereno

pacato

abrigo

amigo

bem que eu

podia te amar 

assim


mas não consigo

sou intensa

tormenta

pathos

torrente

tacto

arfante

sedenta

ardor

furor.


Milk e Emiliano

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Alvorecer

 

@joaopedrodelgad















Minha missão é cuidar de um jardim

nele o amor floresce em solo fértil

abundante em reciprocidade

e o sol aquece a alma

no nascer de cada sorriso teu


Meu viver se desdobra em alegria

que o teu olhar de gratidão proporciona

que o teu desajeitado jeito de ser

ainda em formação

inexperiente nos amores e dores da vida

expressam com incontida timidez


Minha tez repousa na delicadeza de cada gesto

na suavidade do timbre da voz

nos passos trôpegos, ainda que graciosos

e nos cumprimentos de um simples “olá”


E assim

a paternidade fez um homem

e o homem se fez um novo ser

onde a maturidade o abraça num encontro diário

o amor se converte em plano sagrado

e a beleza assume um novo papel

transpondo formas e aparência


O cuidado se torna essência

e como música para o coração

em momentos de sim e momentos de não

em palavras duras ou em gestos de afeto

encerrando em si o afeto

amizade

ternura

afinidade

apreço

saudade

nesse poema que nunca se encerra

tal como universo, incomensurável e infinito

ele me fita e me chama de “pai, meu amigo”


Ágape fraternal perfeito

minha missão é cuidar de um jardim

chamado João Pedro


Emiliano

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Janeiro

@luannav_                         @luanreispvh

 














A noite feneceu na manhã 

Que reescreve nossa história

As mãos entrelaçadas

Corpos entremeados

Sentimentos conexos

E a alma vibrante

Horizonte em glória


Hoje te digo tudo

No olhar cúmplice

No silêncio do sim

No querer do toque

No calor dos lábios

No furor do afago


E neste ponto infinito

ofereço minh’alma livre

meu colo sereno

e um amor desmedido

e desejo

o clamor recíproco

um porto tranquilo

a verdade em duas vias

o querer mútuo

e a reconquista diária

de uma vida inteira.


Emiliano

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Súplica

@geancarlasganderia












Sinto falta do teu olhar rogante 

percorrendo meu rosto 

como desejo desperto latente 

como vento acorda as águas correntes

antes da tempestade

 

Sinto falta daquele beijo 

roubado confuso violento 

que me inflamava o pensamento

e a  nossa insanidade


Sinto falta das conversas tediantes

onde morava tua boca 

suplicando que te fizesse calar


Sinto falta das noites acordadas

do teu cheiro inebriante 

me fazendo sorrir

me fazendo suar.


Milk

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Júlia


@juuliaalcantara                              @amandabassalofotografia


 









Minha natureza não se apequena

Sou tormenta

mar em fúria

Se me queres, oferte

Se me feres, transcendo

Se me acolhes, abraço

Se te afastas, eu tremo

deságuo, sufoco, suplanto

supero, ressurjo, renasço, revivo

E fiel a minha essência

evaporo, formo nuvens

converto em chuvas

torno a mim

e volto a ser 

um grande oceano.

Emiliano

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Horizonte

@emiliano_delgadon                      @amandabassalofotografia


















Minha alma ainda não ficou pequena

ainda creio que vale a pena passar pela dor pra conquistar o mar... amar

desnudar a alma 

das inseguranças

superar o medo 

das inconstâncias.


ao passado deixar passar

escorrer diluir aprender 

ao presente viver a pele

o contato os olhares as ondas nascentes

ao futuro esperançar

não render-se, lutar

deixar a alma renascer

engrandecer a se perder

para além do que a vista possa alcançar.


Emiliano