sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Sobre Encontros e Despedidas



Gean Carla Sganderla













A você ofereço o meu melhor poema
A melhor rima
O melhor clima.
A você ofereço o frio romântico
A ternura de um cântico
A leveza de um anjo.
A você ofereço o melhor caminho
O carinho mais florido
O melhor sorriso.
A você ofereço meu melhor café
A língua mais quente
A loucura ardente.
A você ofereço um novo significado
Um poema inacabado
(compõe ao meu lado?).
Ofereço a beleza mais humana
A virtude mais mundana
e os meus melhores defeitos.
A você ofereço apegos sinceros
desapegos severos
e o antepassar dos anos.
A você ofereço encontros e desencontros
Caminhos cruzados
um novo conto
de sonolentas tempestades
e violentas calmarias.
Ofereço enfim celebrar a vida
Curar as feridas
Um viver simples: abraços e olhares,
manias e luares, brigas e poesias.


Emiliano



Gean Carla Sganderla

















Tudo bem eu já sabia
Teus olhos me contaram a verdade
Do primeiro encontro
Até o ultimo dia
eu já sabia que sentiria saudade
Não por favor
Não se assuste
Com a minha dura sinceridade
Não é frieza
Nem orgulho
Nem embuste
É apenas a ingênua maturidade
De quem amou, amou
E ainda ama
Com paixão
com intensidade
Sem se importar se duraria
Um ano
Um dia
Uma tarde
Eu já sabia
Te juro - eu já sabia
Que cada beijo teu
foi uma despedida
e cada despedida uma iniquidade
e como no fundo eu já sabia
que me amarias
com doçura
com deleite
e fugacidade
como bom poeta
eu te amei com maestria
e te dei meu coração pela metade.

Milk

9 comentários:

  1. Se é pela metade, realmente é amor?

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  2. Se é amor então é impossível se pela metade, se é pela metade pode ser tudo, menos amor.

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  3. Plagiando descaradamente Lulu... "consideramos justa toda a forma de amor" ;)

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  4. Entendo seu ponto e concordo. Mas acredito que apenas amores genuínos não são entregues de forma incompleta. O texto é lindo, mas não transparece honestidade.

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  5. Talvez porque a poesia não tem compromisso com a honestidade, a verdade, a razão ou a racionalidade. O poeta sente. Ponto! Não há que se cobrar genuinidade ou coerencia. Tão pouco honestidade. Na verdade, o tom ironico e debochado cai muito bem na poesia, que em sua essencia não cobra nada de ninguém, tão pouco o poeta, que não exige sequer compreenção.

    Senão vejamos:
    Manoel de Barros em o Tratado geral das grandezas do ínfimo

    A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
    Meu fado é o de não saber quase tudo.
    Sobre o nada eu tenho profundidades.
    Não tenho conexões com a realidade.
    Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
    Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
    Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
    Fiquei emocionado.
    Sou fraco para elogio

    Ou Cecília Meireles em Soneto Antigo

    Responder a perguntas não respondo.
    Perguntas impossíveis não pergunto.
    Só do que sei de mim aos outros conto:
    de mim, atravessada pelo mundo.

    Toda a minha experiência, o meu estudo,
    sou eu mesma que, em solidão paciente,
    recolho do que em mim observo e escuto
    muda lição, que ninguém mais entende.

    O que sou vale mais do que o meu canto.
    Apenas em linguagem vou dizendo
    caminhos invisíveis por onde ando.

    Tudo é secreto e de remoto exemplo.
    Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
    E todos somos pura flor de vento.

    Então... se o poeta ama
    e entrega seu coração pela metade
    quem há de lhe apontar o dedo
    e julgar que não amou de verdade?!

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  6. Se o ppeta ama e entrega seu coração pela metade, não há intenção em permanecer. Se não há intenção, por que prosseguir? Como ele disse "já sabia" que seria o fim.

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  7. Exatamente, como diria Vinicius, (...) " posto que é chama (...) que seja infinito enquanto dure."

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